Análise Musical - Uma explanação
postado por Carlos A Correia em 4/03/2009
Óbvio?
O compositor só é compositor quando coloca seus conhecimentos na prática, na experimentação. É quando ele tem o prazer de ver algo nascer, feito por ele, ou por meio dele...
A teoria se transforma em prática!!!
mas...
Eu diria que entre a teoria e a prática existe uma fase de assimilação fundamental: a análise de composições.
É nesta fase, que antecede a prática, que podemos analisar, através da partitura ou da audição, as ideias e as técnicas de composição das obras já existentes, e, de preferência, das obras que sobreviveram ao longo dos anos, décadas ou séculos... e ainda, se possível, de autores mais conhecidos, os chamados Mestres.
Analisar deve ser uma rotina do compositor. Ou pelo menos, deveria ser.
Analisar nos traz uma bagagem de conhecimento muito maior do que só simplesmente aprender a teoria e passar para a prática.
A Análise está presente em todas as matérias do saber:
- Um engenheiro civil fez muitas análises nos cálculos das construções já existentes antes de se aventurar em construir um edifício novo;
- Um inventor analisou alguma invenção anterior para aperfeiçoá-la;
- Um médico analisou várias intervenções cirúrgicas antes de realizar uma;
- Um advogado analisou algumas petições e jurisprudências para poder contestar alguma;
- Um filho de pescador analisou como seu pai pescava para poder fazer o mesmo. etc...
Teoria - Análise - Prática.
Mas, se quisermos aprofundar nosso conhecimento, adquirir mais habilidade técnica, eu proponho o seguinte:
[: Teoria - Análise - Análise - Análise - Muita Análise - Mais Análise ainda - Prática :]
obs: os símbolos [: :] significam rittornello! ;-)
Fico preocupado quando escuto algum compositor dizer que não analisa nenhuma música para não sofrer influências...
Ora, quando escutamos uma música no intuito de entendê-la, já estamos analisando-a. Cabe a nós a profundidade da análise que queiramos fazer.
A influência já é outro assunto.
Outra importância da análise musical, serve para que o músico possa tirar melhor proveito durante sua interpretação.
Falo disso nesse post, que acredito que você deve lê-lo: A Importância da Análise Musical para a Composição e Interpretação.
A análise serve até mesmo para sabermos se alguma ideia brilhante, que acabamos de ter, alguém já fez ou não. Ou se fez mais aprimorada do que nós.
Aconteceu comigo ao fazer meu primeiro cânone Espiral Modulante.
Quando aprendia a fazer cânones perpétuos, eu quis fazer um que modulasse a cada vez que repetisse. Achei que tinha criado um cânone novo, uma técnica nova.... fiquei todo feliz.... mas quando cheguei para o meu professor e contei o que eu acabara de criar, ele simplesmente me disse que era Espiral Modulante, uma técnica já conhecida!
Fiquei frustrado? Sim, mas fiquei feliz em saber que criei, sozinho, uma técnica já utilizada a séculos.
Podemos aprender tudo sem análise, é claro, mas haja erros e acertos, sem contar que o tempo de aprendizagem será maior. E nem sempre dispomos de todo o tempo que precisamos, e muitas vezes não podemos ter o luxo de errar várias vezes.
Por isso a minha recomendação, para os compositores novos, ou experientes, é que analisem muito.
Um dos discípulos de Schonberg queria muito fazer aula com ele, aprender os macetes de composição, compor modernamente, etc..... mas ele passou anos e anos estudando e analisando os compositores mestres "antigos", como: Bach, Mozart, Beethoven, e outros. No início, torceu o nariz, mas ao final dos estudos (que nunca cessam) ele agradeceu ao Mestre.
Em seus livros, quase que 90% dos exemplos são baseados nos compositores acima.
É por isso, que vou seguir o conselho do Mestre Schomberg: vamos analisar as músicas destes Mestres!!!
Vou colocar trechos de partituras destes compositores para analisarmos e tentarmos extrair, de uma vez ou não, o máximo de informações que conseguirmos.
Até lá!
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